A separação
Lágrimas lamentando o que já foi lamentado
Fluir
Tema da liberdade
Atestado de óbito declara, terra sela!
Me faz ouvir
Sol prelúdio
Sol
Sopro
Tua luz
Todas as composições de Klaus de Geus, exceto 2, 3 e 5, de Klaus de Geus e Paulo Sérgio da Silva
All songs by Klaus de Geus, except 2, 3 and 5 by Klaus de Geus and Paulo Sérgio da Silva
Tudo começou com um sonho de criança. eiranembeira é o resultado de um longo trabalho, que se iniciou com investigações ao piano, quando eu tinha uns 15 ou 16 anos. Aos 18 anos, em um festival em que apresentei uma de minhas primeiras músicas, conheci o Paulo, amigo-irmão e letrista de três das músicas deste trabalho. Ele me apresentou a letra de "atestado de óbito declara, terra sela!", e eu, na minha ingenuidade de conhecimento de harmonia, compus uma música que, para mim, desafiava o costume. Depois dela, vieram "Lágrimas lamentando o que já foi lamentado", que fazia experimentos sonoros, e que se caracteriza pela polirritmia. "Fluir" veio logo em seguida, com um tom mais melodioso.
Ainda nos anos 80, "Tema da liberdade" surgiu quando o pastor falava sobre a liberdade e eu, sentado, com um caderno à mão, anotava as coisas que achava importante, e acabei escrevendo a frase que se tornou a letra da música. "Sopro" também surgiu nessa época, música simples, mas que julguei importante no contexto.
Depois de um longo período de silêncio, "me faz ouvir" surgiu nos anos 90. Foi a primeira composição cuja letra fora feita para fazer parte de uma música.
Depois disso, de 2001 em diante, após decidir voltar a estudar piano para aprender mais de harmonização, surgiram novas músicas. "Sol" foi a composição em que explorei a harmonização e os ricos acordes da bossa nova. "Sol prelúdio" veio como complemento da música, num tom mais intimista. "Tua luz" surgiu com uma velha seqüência que tinha feito, que foi sendo desenvolvida juntamente com um ritmo que explora irregularidades. "A separação" é uma música conceito. Ela surgiu depois que eu fiz uma composição visual, de mesmo nome, em que separei imagens de partes de uma casa pela cor. Daí surgiu a frase "a separação é pela cor". Logo depois, pensei na dualidade de significado dessa palavra, que pode corresponder tanto ao distanciamento ("separar de") quanto à seleção ("separar para"). A música seguiu esse conceito, tentando separar ao máximo seus elementos.
A partir de 2001, veio-me à mente concretizar um trabalho musical. A Lei Rouanet, do Ministério da Cultura, surgiu como um meio de financiar o projeto, que, depois de escrito, recebeu o nome de "Projeto Sol", título de uma das músicas. Uma vez aprovado o projeto, procurei empresas que poderiam contribuir, encontrando apenas uma (MPS Informática, em Curitiba), e ainda assim por tempo limitado, o que prejudicou o andamento do projeto, uma vez que a verba não era suficiente. A partir de um certo momento, porém, a empresa não pôde mais contribuir, e o projeto teve que buscar uma alternativa viável de implementação.
Selecionei os melhores trabalhos musicais desenvolvidos até então, e iniciei o projeto do encarte do CD, com a série de trabalhos visuais intitulados "worktures". A palavra vem da contração do termo, em inglês, "work on pictures". As músicas mais recentes, "tua luz", "a separação" e melhorias em algumas existentes, foram feitas a partir dessa data também. No final disso tudo, eu tinha nas mãos um caderno com as partituras das músicas, em constante atualização e melhoria, e um álbum de trabalhos visuais constituído de seis worktures.
A música "a separação" originou-se mesmo com a workture "a separação", que por sua vez se originou da primeira workture, "casasdacidade", quando separei as palavras do título pela cor e não pelo espaço.
Depois de captado algum recurso pela Lei Rouanet e preparadas as músicas e as worktures, fizemos o planejamento de execução do projeto, muito embora houvessem ainda parâmetros incertos.
Enquanto isso, fazia em casa os preparativos para o início das gravações. O David Fehrmann foi, nesse período, uma pessoa essencial ao projeto, com seu entusiasmo e com sua disposição em ajudar, por amizade e por prazer. Ele levava equipamentos à minha casa para podermos gravar as guias das músicas.
As gravações começaram com uma sessão no Teatro Brasílio Itiberê, na Rua Cruz Machado, em Curitiba. Depois de pedir autorização para a gravação e mandar afinar o piano, no dia 02 de março de 2005 gravamos o piano de algumas faixas. Posteriormente tivemos a infelicidade de saber que algumas gravações tinham sido perdidas por problemas técnicos. Uma outra gravação feita nesse teatro também foi substituída, já no final dos trabalhos, porque eu descobri que, por erro meu, aquela versão tinha perdido o "astral" com o qual a música tinha sido feita.
Alguns dias depois, talvez um mês, fizemos a primeira sessão no Estúdio BapTchuRap. A empolgação começou da ficar evidente quando, fechados no estúdio, à noite, depois de um longo dia de trabalho, o Lauro e eu começamos a inventar coisas. Dessas invenções e lucubrações surgiu a idéia do Rupert, que originalmente era uma pintura que eu tinha feito a mão na parede da cozinha da minha casa. A pintura me lembrava aquelas pinturas rupestres, e a similaridade do nome Rupert com a palavra rupestre batizou aquele sujeito que viria ser uma personagem importante deste trabalho.
As músicas já pareciam ter uma seqüência pelo conteúdo, pela letra. A partir daí não foi difícil conceber um dia da jornada de Rupert rumo a Veernandra, terra do sol constante.
As faixas pares do CD são exatamente o retrato sonoro desse dia de viagem de Rupert a seu destino. As músicas estão nas faixas ímpares, e se entrelaçam sutilmente com a narrativa da jornada de Rupert.
A partir daí, as sessões de gravação foram sendo realizadas uma vez por semana, mas às vezes ficávamos um bom tempo sem gravar, como por exemplo em março e abril de 2006. Entretanto, as sessões no estúdio sempre eram regadas de bom humor, cheias de brincadeiras em meio a surtos de criatividade. É um tempo que não dá para esquecer.
A última gravação instrumental foi em 26 de setembro de 2006. A voz principal veio logo em seguida.
Detalhes, letras e ficha técnica das músicas, juntamente com amostras no serviço de streaming Deezer.
Fábio Cardoso: Piano
Rogério Proença: Guitarras
Lauro de Castro Netto: Arranjo, programação e saxofones soprano, contralto e tenor
Klaus de Geus: Teclado e voz
Ezequias Lacerda: Vocal
Carine Luup: Vocal
Música conceito, originada na workture de mesmo nome, e que procura explorar o tema o máximo possivel. A separação é o começo de tudo. É o começo da jornada de Rupert e, portanto, é o começo de uma nova vida. Ela foi também o começo infeliz de algo no passado longinquo, quando o mundo se separou de seu criador, pela dor. Mas na vida de Rupert, a separação, início de sua viagem, foi pela cor. Rumo a Veernandra, terra do sol constante, Rupert chega à conclusão de que seu tempo durante a viagem é extremamente importante, que ele já tinha sido separado pela cor, e decide vivê-lo intensamente.
Duração: 4 minutos e 50 segundos
BR-KLU-19-00001
a separação
é pela dor
dor de perder
a separação
é pela cor
cor de te ver
me separei p'ra você
Fábio Cardoso: Piano
Guilherme Romanelli: Violino e viola
Ivo Meyer: Violoncelo
Lauro de Castro Netto: Arranjo e saxofone soprano
Klaus de Geus: Violão e voz
Ezequias Lacerda: Vocal
Carine Luup: Vocal
Música feita a partir da letra do Paulo, que explora a polirritmia e outros elementos, tais como a falta de formação de acordes específicos no trecho que se repete na introdução, interlúdio e final. Foi feita em uma época em que meus conhecimentos de harmonização ainda eram extramamente limitados, eu era praticamente um menino, mas gostava muito de descobrir coisas ao piano.
Uma vez esta música foi apresentada em um festival. Era o Paulo à percussão, o Markus à bateria e eu ao piano. O início da música, na parte sem acordes definidos, o Markus e eu tocamos, com tampinhas de caneta, diretamente nas cordas do piano. A nossa intenção era mesmo fazer algo diferente. Aliás, piano, bateria e percussão já é meio inusitado... Bem, não deu outra: Ficamos num dos últimos lugares.
Duração: 5 minutos e 14 segundos
BR-KLU-06-00002
caminho de lágrimas que escoa pelo vale em ribeiro
gemido soluço, soluço gemido
lamento afinado que cai
como águas em cascata
gotas que despencam pela face
lágrimas tímidas e disfarçadas
meigas, ternas, sinceras, sentimentias
por um mundo que não sabe amar
e também por não ser verdadeiro
o que me deixa conformado
é saber que ele chorou
é saber que ele chorou
e suou sangue também
mas nem por isso deixou
de fazer a vontade do Pai
Lauro de Castro Netto: Arranjo, teclados, programação e saxofone
Rogério Proença: Guitarra
David Fehrmann: Guitarra
Klaus de Geus: Teclado e voz
Ezequias Lacerda: Vocal
Música feita também a partir da letra do Paulo, com característica mais melodiosa, arranjada pelo Lauro em estilo jazz. Depois de composta, o David e eu a ensaiamos e fizemos um arranjo muito interessante, com acordes ligeiramente diferentes ao piano e ao violão. Neste trabalho, o arranjo da música foi refeito, mas manteve algumas características da versão original.
Duração: 5 minutos e 10 segundos
BR-KLU-06-00003
venha contemplar o curso das águas
vem das nascentes, da sua mãe terra
corre abraçando a mãe terra e vai
com destino determina a sua correnteza
flui até desembocar, que sabe,
se possível, num mar de água.
Lauro de Castro Netto: Arranjo, teclados e programação
Rogério Proença: Guitarra e violão
Klaus de Geus: Teclado, piano, violão e voz
Ezequias Lacerda: Vocal
Carine Luup: Vocal
Esta música foi feita a partir de uma frase que escrevi quando sentado num banco de igreja, enquanto o ministro falava sobre a liberdade. A gravação explora alguns instrumentos duplicados fazendo seqüências cíclicas.
Duração: 3 minutos e 47 segundos
BR-KLU-19-00004
liberdade é a gente
poder dizer que depende de alguém,
alguém que depende da gente
p'rá ser feliz
Lauro de Castro Netto: Arranjo, teclados e programação
Rogério Proença: Guitarra e violão
Klaus de Geus: Voz
Ezequias Lacerda: Vocal
Carine Luup: Vocal
Esta foi a primeira música feita em parceria com o Paulo. Ele tinha feito a letra quando me conheceu num festival. Ele chegou para mim, depois de ouvir a minha música que havia sido apresentada, e disse "eu tenho uma letra que fala do cemitério. Quer fazer a música?". Daí nasceu uma grande amizade, além de uma música que foge às seqüências tradicionais.
Se pudéssemos ter feito um clip de vídeo neste trabalho, que era a intenção se tivéssemos tido patrocínio suficiente, esta seria a música tema, e o cenário seria obviamente o caminho no meio do cemitério. O clip teria sido feito provavelmente em preto e branco, e teríamos tentado passar o clima que o Paulo descreveu em sua narrativa.
Duração: 7 minutos e 17 segundos
BR-KLU-19-00005
vagava sem rumo pelo cemitério,
pela longa avenida dos mortos,
caminhava a interpretar o porquê
daquelas fotos, aquelas catacumbas,
aqueles dizeres, aquelas estátuas,
aquelas flores, aquelas velas,
aquele cinza fúnebre,
aquelas velhas, aquele velório,
toda aquela alcova.
parei num túmulo e ali ao cadáver interroguei nos meus pensamentos.
na fachada da sua moradia o cinza com o incerto se confundia.
na sua cobertura, uma laje, uma cruz a tristeza decorava.
então pensei como se com ele falasse e a ele perguntasse:
- esta cruz que hoje te cobre estava contigo no teu coração?
- este símbolo que te sela foi na vida tua razão?
Lauro de Castro Netto: Arranjo, piano e teclado
Rogério Proença: Violões
Klaus de Geus: Voz
Ezequias Lacerda: Vocal
Esta música intimista foi feita num momento de contrição, no qual desejava ouvir e entender a voz de Deus. Ela foi gravada a primeira vez para este trabalho, mas posteriormente decidi fazer tudo do zero, pois notei que o "astral", com o qual ela tinha sido feita, tinha desaparecido.
Duração: 5 horas e 12 minutos
BR-KLU-19-00006
me faz ouvir
me faz sentir a tua voz
porque sem vir
até o rio, até a foz,
alguma vez, de uma vez,
não saberei como viver.
por que me vai,
por que me foge a tua voz?
se vai sem mim,
como se faz p'ra estar a sós,
p'ra encontrar e se deixar,
sem ter que se inventar a fim?
olha p'ra mim, eu sinto falta de esperar e alcançar.
me faz cruzar os olhos nesse teu olhar
me vem fazer
sentir esse calor de ser.
sem ele assim, em um momento
eu me vou.
Fábio Cardoso: Piano
Guilherme Romanelli: Violino e viola
Ivo Meyer: Violoncelo
Lauro de Castro Netto: Arranjo
Klaus de Geus: Violões e voz
Música feita depois de "sol", como prelúdio em estilo mais intimista. Ela tem originalmente um resumo da letra de "sol", porém um pouco modificado. Só que o instrumental ficou tão interessante que decidi deixar sem voz.
Duração: 5 minutos e 27 segundos
BR-KLU-06-00007
venha até aqui
se espelhe em águas claras
siga-me de perto
rumo ao norte.
estrelas cintilantes
das que se acendem
elas são finitas
mas não o sol
Fábio Cardoso: Piano
Lauro de Castro Netto: Saxofone e baixo
Rogério Proença: violão
David Fehrmann: guitarra
Klaus de Geus: violão e voz
Ezequias Lacerda: Vocal
Carine Luup: Vocal
Esta música tem letra que escrevi para o meu filho Lucas, e que acabei cantando para o meu filho Ian, que nasceu 15 anos depois. É uma conversa de pai para filho. O estilo bossa nova é uma tentativa (espero que bem sucedida) de explorar a harmonização.
Duração: 6 minutos e 6 segundos
BR-KLU-19-00002
filho, venha até aqui, deixe-me falar.
você cresça e se espelhe em águas claras.
siga-me de perto mas não siga os que me seguem,
que seja forte e se empenhe rumo ao norte.
muito claro você verá estrelas cintilantes
das que se acendem e daquelas que se apagam.
apague a luz e as contemple pois são finitas.
lembre-se daquele sol, nunca se apague.
Lauro de Castro Netto: Arranjo, teclados e programação
Rogério Proença: Guitarras
Klaus de Geus: Voz
Ezequias Lacerda: Vocal
Carine Luup: Vocal
Esta música nasceu de um momento de meditação, no violão, que não é o meu forte (aliás, qual é o meu forte?), com letra tirada diretamente do livro de Jó, na Bíblia.
Duração: 2 minutos e 23 segundos
BR-KLU-06-00009
o Espírito de Deus me fez
e o sopro do Todo-Poderoso me dá vida
Lauro de Castro Netto: Arranjo e saxofone
Rogério Proença: Guitarras e violão
Klaus de Geus: Teclado, piano, violão e voz
Ezequias Lacerda: Vocal
"Tua luz" foi uma das últimas músicas feitas para este trabalho. Procurei explorar algumas características, por exemplo, iniciá-la de maneira bem intimista e progressivamente passar para um tom mais agressivo em termos de instrumentação, e investigar batidas que quebrem um pouco o ritmo tradicional.
Duração: 7 minutos e 30 segundos
BR-KLU-19-00003
tua luz é o sol
que me traz à cor
tua voz é o sopro
que me leva ao sol
teu fulgor me faz
derreter
teu calor de sol
me faz amanhecer
Rupert é um personagem fictício, criado a partir de uma pintura feita na parede de minha casa. As faixas pares, de curta duração, do álbum "eiranembeira", de 2007, consistem em efeitos sonoros que descrevem a jornada de Rupert. Na adaptação para os serviços de streaming, que gerou o álbum "eiranembeira ainda", de 2019, as faixas que relatam a jornada de Rupert foram integradas às músicas.
A jornada de Rupert é composta das seguintes partes: "despertar de Rupert", "partida de Rupert", "início da jornada de Rupert", "entrada de Rupert no santuário", "decisão contundente de Rupert", "novos rumos de Rupert", "Rupert na terra do sol", "destino de Rupert" e "ocaso de Rupert".
Rupert nasceu graças a uma lata com sobra de tinta. Resolvi usar aquela tinta em uma parede da minha cozinha. Porém, não quis usar pincel. Preferi usar outros tipos de material, por exemplo, sacolas plásticas e esponjas de aço para dar textura e os dedos para desenhar. Em um espaço propício, nasceu a idéia de Rupert. A idéia era desenhar um indivíduo como se ele estivesse saindo da parede.
Rupert nasceu assim, sem qualquer tipo de beleza tradicional, como em uma pintura rupestre. Uma figura simples, esboçando o desejo de sair da parede. E para renascer, para sair de Naadmevil e iniciar uma jornada para Veernandra, terra do sol constante, é necessário se tornar como Rupert, ou seja, isento de ornamentos tradicionais, ornamentos que significam apenas status, que tenham valor apenas aos cidadãos naturais de Naadmevil.
Após a separação e a dor de perder, Rupert se encontra em Naadmevil. Início do dia, ele se prepara para sua jornada, sua lenta viagem rumo à terra do sol constante. Sua partida é o seu renascimento. Seu renascimento é a separação pela cor. Nascer é ser feito à parte.
A jornada é longa. Lembranças vêm à mente de Rupert e, em especial, momentos marcantes, sejam de lágrimas, de risos, ou mesmo de introspecção. São estes que determinam a direção de seus passos subseqüentes, o início de sua trajetória, o caminho de seu crescimento.
Sair de Naadmevil rumo a Veernandra não é apenas uma viagem. Para Rupert, é um empreendimento, muito mais do que uma experiência de vida. Não dá para esconder. Os desafios são grandes e as condições, muitas vezes, adversas. Rupert não se intimida. Seu objetivo: Fluir como o curso das águas.
De repente, em meio à sua trajetória, Rupert quebra sua rotina. Ele percebe que sua viagem não é apenas um caminhar em direção a um alvo fixo. Ele pára, entra no santuário, e relembra os dias em que se imaginava caminhando pela avenida dos mortos.
Ao fazer menção daquilo que se tornara a razão principal de sua vida, Rupert considera que tudo isso já está claro o suficiente, que sua viagem a Veernandra é um fato sólido, e repentinamente decide que precisa mudar o curso, sua maneira de percorrer o caminho, para poder atingir outros objetivos. Assim, ele deixa o santuário e se vai.
Após sair do santuário, Rupert se encontra em um momento de mudanças. A chuva diminui e as escassas gotas que caem lhe passam a impressão de que logo a vida se manifestará de forma diferente. É um momento introspectivo, de mudança interior.
A experiência de estar exposto ao sol de maneira completamente vulnerável impele Rupert a mergulhar mais profundamente e se entregar à sensação que lhe causa tamanha satisfação.
Seguindo em direção à luz do sol, Rupert encontra-se exposto às influências que outras estrelas exercem sobre seu caminho, não obstante sua luz. Entretanto, ele logo aprende que seu caminho deve ser determinado apenas pelo sol e sua luz direta.
Acaso seria o fim de um sonho? Teria Rupert caminhado em vão? Seria o ocaso definitivo? Talvez o seja para outrem, mas não para Rupert. Rupert estava, sim, cada vez mais próximo de seu destino, Veernandra, lugar de luz, terra do sol constante.